As Comissões Permanentes de Acessibilidade e Inclusão foram criadas por resolução do CNJ em todos os tribunais do Brasil
Fotos: Divulgação
Atividades de vistorias arquitetônicas e sensibilização para a necessidade e importância da acessibilidade e inclusão foram desenvolvidas pela Cpai nas Comarcas do Interior
Visando promover mais acessibilidade e melhor inclusão em todo o Poder Judiciário de Roraima, a Cpai (Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão) do TJRR concluiu o trabalho de visitação em quatro comarcas do Interior do Estado.
Durante as visitas, além dos integrantes da comissão informarem sobre a existência do grupo e a finalidade, servidores das Comarcas foram sensibilizados a respeito da necessidade e importância da inclusão tanto para quem trabalha no judiciário como para os usuários dos serviços.
Conforme a coordenação da ação, nessas atividades foi destacada “a relevância da empatia e respeito aos diferentes, sob a compreensão de que, como seres humanos são iguais, independente de ter ou não uma deficiência aparente”.
A programação incluiu a oficina “Praticando as Diferenças", na qual um intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) ensinou os sinais básicos para despertar nos servidores o interesse e a necessidade de conhecer e sentir a dificuldade dos surdos, visando sensibilizar para a importância de aprender a linguagem.
"É super importante conseguir se comunicar com o surdo, entender que a Libras é língua oficial dele, e sem uma boa comunicação o surdo pode ser prejudicado nos direitos básicos e até mesmo ir preso inocente, o que já aconteceu por falta de quem o interpretasse corretamente”, observou o intérprete de Libras Maycon Moleta.
O servidor Aldair Ribeiro, que adquiriu deficiência auditiva, afirmou que o número de pessoas que nasce com alguma deficiência é pouco. Segundo ele, geralmente a maioria das deficiências é adquirida ao longo da vida, por diversos fatores, como doenças e acidentes.
Ele destacou a importância da sensibilização e a necessidade de se colocar no lugar do outro. “Lembrando que esse ‘outro’ pode ser um parente ou a própria pessoa que pratique essa empatia, de modo que seja garantido um mundo bem mais inclusivo", declarou.
A ação oportunizou também aos participantes a possibilidade de locomoção em cadeiras de rodas para que pudessem compreender como se sente o cadeirante ao enfrentar as rampas, portas e outros obstáculos ainda existentes nas comarcas, o que permitiu o diagnóstico para outras adequações.
A intenção da experiência também era permitir a compreensão da importância de sair de trás do balcão para sentar ou se abaixar, deixando mais confortável o atendimento de pessoas com deficiência física.
"Eu nunca havia estado em uma cadeira de rodas e não sabia o quanto algumas rampas são de difícil acesso; o quanto algumas portas são estreitas; e o quanto é ruim ficar olhando para cima para falar com pessoas em pé", comentou a presidente da Cpai, desembargadora Tânia Vasconcelos.
A servidora Vera Sábio, que é cega, propôs que os participantes se dividissem em pessoas com vendas para serem guiadas pelos colegas sem vendas, da maneira que achassem certo; e depois questionou sobre a empatia em se colocar no lugar do outro.
“Será que se vocês fossem cegos se sentiriam seguros ao serem conduzidos pelos guias aqui sugeridos? É realmente necessário entender as dificuldades e as capacidades das pessoas com alguma deficiência. E a forma mais correta é perguntar o que estas pessoas precisam e como gostariam de ser ajudadas, frisou Vera, explicando algumas técnicas básicas que podem ser utilizadas.
Em uma roda de conversas foram tiradas várias dúvidas, e abordados temas como deficiência intelectual e a necessidade de prioridade para acompanhantes ou representantes de pessoas especiais, os quais possuem os mesmos direitos.
ESTRUTURA - No trabalho de vistorias dos prédios, o foco foi identificar se a acessibilidade arquitetônica estaria de acordo com as leis de acessibilidade e inclusão.
A coordenadora da Cpai, Claudete Silva, com o arquiteto Leandro Franco, fizeram um levantamento e identificaram alguns ajustes a serem realizados, ainda depois das reformas.
"A acessibilidade arquitetônica é relativamente fácil de ser realizada com reformas e seguindo o desenho universal e, principalmente, segundo a Lei Brasileira de Inclusão, que estabelece que nada seja feito para a pessoa com deficiência sem a participação e aprovação dela. Por isso, nós da Cpai tomamos a decisão de visitar todas as comarcas e todos os prédios da Capital, visando identificar servidores com alguma deficiência e realizar a acessibilidade atitudinal, o que só acontece com empatia, já que não adianta, por exemplo, rebaixar o balcão e ficar atrás de um monitor ao atender um surdo, não sair do lugar para guiar um cego ou não estar mais ou menos na mesma altura para falar com um cadeirante", explicou.
Ao encerrar a primeira etapa de visitas, a presidente da Cpai, desembargadora Tânia Vasconcelos, revelou que está aprendendo muito em cada visita. “Eu não imaginava que pessoas cegas pudessem ser tão ativas e divertidas, e que realmente a aproximação se traduz em uma nova visão. Afirmo, assim, minha satisfação e gratidão por estar à frente dessa comissão, o que me permite estar novamente junto com os servidores e magistrados. Além de conhecer a realidade das pessoas com deficiência, estou aprendendo que prioridade não é privilégio e sim um direito que deve ser observado por todos", destacou.
Os integrantes da Cpai que participaram das visitas foram: desembargadora Tânia Vasconcelos (presidente), Claudete Silva (coordenadora), Maycon Moleta (intérprete de Libras), Vera Sábio (servidora) Aldair Ribeiro (servidor) e
Leandro Franco (servidor).