Com objetivo de contribuir para o resgate da auto-estima e a formação profissional dos detentos da Cadeia Pública de Boa Vista, o Tribunal de Justiça de Roraima iniciou hoje (29) a exposição de produtos artesanais confeccionados pelos reeducandos do Projeto AgroArrt, em todas unidades do TJ. A exposição é aberta ao público e segue até o dia 9 de fevereiro, com a comercialização das peças.
Os objetos são feitos de pneus usados que foram doados pelo TJRR. Conforme a presidente do Tribunal de Justiça de Roraima, desembargadora Elaine Bianchi, a Vara de Execuções de Penas e Medidas Alternativas lançou editais para seleção de Projetos Sociais. “A partir desse edital veio a ideia da cooperativa. Com o talento dos presos nós estamos vendo como podemos transformar o mundo e essas pessoas. Eles terão renda para as famílias, estão se sentindo pessoas produtivas e isso que estamos precisando: transformar o sistema através do trabalho”, disse.
As peças têm chamado a atenção pela qualidade e variedade. São mesas, cadeiras, sandálias, jarros, poltronas entre outros objetos de decoração. A ação é fruto de uma parceria do TJRR, feita por meio do Termo de Cooperação Técnica e Financeira com a Secretaria de Justiça e Cidadania (SEJUC), Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Roraima- OAB/RR e Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de Roraima – SESCOOP/RR, em agosto de 2017.
O projeto da Cooperativa de Internos foi idealizado pela agente penitenciária da SEJUC e coordenadora do Projeto Ana Broisler. Além das entidades parceiras o projeto conta com voluntários: psicólogos, assistentes sociais e advogados.
De acordo com Broisler, 24 internos participam do projeto. São reeducandos de boa conduta e que não integram nenhuma facção criminosa. “O projeto iniciou há 60 dias e eles trabalham de seis a oito horas por dia. As peças são vendidas e 40% do valor arrecadado é destinado para a manutenção do projeto e 60% é dividido entre os familiares dos presos. Dos internos que participam, cerca de 20% já teve o benefício de progressão de regime e graças a Deus, não tivemos nenhum caso de reincidência” afirmou.
O reeducando Volmir da Silva falou da satisfação em participar desse trabalho. “Pra mim esse projeto tem sido muito importante, porque eu estava preso numa cela sem perspectiva e de repente, aparece essa oportunidade de fazer arte, criar móveis, reutilizar materiais que muitas vezes são considerados lixo, mas pra nós se tornam matéria-prima. É difícil você olhar para um pneu e ver arte nele, mas nós conseguimos isso. Então, é muito gratificante, pois na situação em que nós estávamos, naquele mundo obscuro no presídio, é uma coisa que só Deus consegue explicar isso na nossa vida, para conseguirmos chegar nesse patamar” afirmou.
Na oportunidade, o Tribunal de Justiça foi presenteado pelos reeducandos com uma mesa e cadeira, com o nome do Tribunal.
Boa Vista, 29 de janeiro de 2018.
Núcleo de Comunicação e Relações Institucionais – NUCRI
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